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A não ser que você tenha passado os últimos meses em Marte (ops), deve ter visto em algum lugar que, depois de inúmeras idas e vindas, o multibilionário Elon Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões.
Normalmente essa notícia não seria grande coisa se não fossem por dois detalhes. Primeiro, o valor excessivamente inflacionado do negócio. E, segundo, por que um dos homens mais ricos do mundo gastou boa parte de sua fortuna num site como este?
Aos números: de acordo com um relatório divulgado pela Hootsuite em abril, o Twitter é “apenas” a décima rede social mais usada do mundo. Além de atrás dos paquidérmicos Facebook e YouTube também perde feio para serviços menos falados, como Snapchat, Pinterest, Reddit e até para o LinkedIn.
Por outro lado, há anos o Twitter se consolidou como uma plataforma de notícias em tempo real, amplamente usada por políticos, artistas e veículos de comunicação, o que eleva o valor de seu passe. Seu caráter imediatista e a base de usuários realmente ativa faz com que costume pautar os assuntos das outras redes, TVs e jornais com alguma frequência. As eleições – do Brasil em 2022 e a dos EUA em 2020 – que o digam.
Então, podemos falar que Mr. Musk não comprou uma rede social, mas sim uma rede de informação.
Mas nem tudo são flores. Uma das promessas de Musk é basicamente acabar com todo tipo de moderação no site, o que pode esbarrar em diversas leis e acordos firmados com governos. Tanto que, horas depois da compra ser anunciada, uma infinidade de perfis falsos divulgando mensagens de ódio começaram a pipocar pelo site, e continuam por lá até agora..
E este é o tipo de coisa que costuma afastar os mesmos políticos, artistas e veículos de comunicação que são tão importantes para a rede, levando anunciantes (e seu dinheiro) na carona.
E vamos parar por aqui, porque tentar imaginar o que vai acontecer num cenário desses é pura especulação.
Uma última coisa: essa não é a primeira vez que vemos algo parecido acontecer. Em 2013 Jeff Bezos – o homem mais rico do mundo – comprou o Wall Street Journal por módicos US$ 250 milhões, tirados de seu bolso. Ainda que este valor seja 176 vezes menor do que Musk pagou pelo Twitter, mostra como a elite mundial está disposta a pagar para ter algum controle sobre o que as pessoas dizem, falam e leem.
Uma segunda última coisa: O relatório da Hoosuite também aponta que o Brasil é o país com o maior número de ouvintes de podcasts do mundo. De acordo com a empresa, 39% dos brasileiros conectados ouvem pelo menos um podcast por semana.
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