O Web Summit, o maior evento de tecnologia, desembarcou no Rio para a sua primeira apresentação em terras brasileiras. São 20 mil pessoas, 4 dias de evento, 900 startups, 500 investidores, 300 palestrantes, 125 parceiros e 500 jornalistas de 100 países movimentando a tecnologia em 4 frentes: Inovação Corporativa, Startups, Venture Capital e Marketing que se complementam num ecossistema mais abrangente e instigante.
Tudo acontece ao mesmo tempo de forma rápida e pontual e, nesse ritmo, é natural não conseguir acompanhar tudo, nem a agenda personalizada, e se surpreender com assuntos que estavam fora do radar mas aconteciam no momento de um café no ponto de encontro entre startups e investidores ou no lounge para desenvolvedores enquanto se aproveita de uma tomada e uma água pra recarregar as baterias.
O assunto em destaque no primeiro dia é a Inteligência Artificial, aprofundada em diferentes tópicos por especialistas de diversas áreas a cada apresentação, ainda que, colocar dessa forma, pode soar desleal com a diversidade de assuntos acontecendo.
O primeiro dia terminou com Cassie Kozyrkov, cientista chefe de descisões no Google, trazendo uma abordagem simples sobre o conceito de IA, inclusive, sugerindo que a melhor tradução para o termo seria Instruções Automatizadas ao invés de Inteligência Artificial, uma vez que a receita a ser executada entre a entrada e a saída de dados vem de exemplos, que são os dados utilizados no treinamento da tecnologia, e que a evolução nos últimos anos não é necessariamente da AI, e sim do design através da experiência do usuário, a camada evolutiva que a tecnologia se encontra no momento, sendo o próximo nível relacionado às melhorias que ela traz para a sociedade.
Um dia que começou com Chelsea Manning, consultora de segurança na Nym ( e política, ativista, denunciante e militar do Exército dos Estados Unidos que foi presa e processada por acesso e divulgação de informações sigilosas que resultaram no escândalo conhecido como “Cablegate”), sabatinada por Leo Schwartz, jornalista no Fortune, sobre o tema AI é melhor com privacidade: Chelsea Manning e a próxima década da internet. A ética prevalece, a responsabilidade é mista mas os desenvolvedores têm um papel fundamental na criação desses novos padrões. Se não partir desse princípio os reguladores podem imprimir severas regras com um marco regulatório protegendo pelo viés único do lucro. Sobre o futuro, privacidade e tecnologia podem andar juntas mas não há uma previsão pois não há um histórico, a mesma questão se aplica para a estrutura atual, que pode não ser a ideal para esses novos padrões e a tokenização dos ativos criptográficos.
No painel afirmando que a IA generativa transformará o marketing e a publicidade, Daniela Braga, fundadora e CEO na Defined.ai, Fernando Machado, CMO na NotCo e Brad Haynes, chefe de redação do Brasil na Reuters News tinham suas falas ilustradas por imagens de campanhas criadas por IA e, como você sabe, uma imagem vale mais que mil palavras.
Fernando retornou no palco central apresentando o case da NotCo, empresa que produz alternativas à base de plantas para produtos alimentícios de origem animal, utilizando aprendizado de máquina para replicar produtos lácteos baseados em plantas.
IA generativa vai permitir criar alimentos que nunca foram pensados antes.
Sobre as previsões do marketing para 2024, François-Xavier Pierrel, diretor de dados corporativos na JCDecaux, Gail Heimann, CEO na Weber Shandwick e Neil Patel, fundador da NP Digital e assíduo participante de eventos no Brasil, discutiram sobre as mudanças que a IA está promovendo nas narrativas corporativas, principalmente no aspecto analítico onde há uma quantidade cada vez maior de dados a serem analisados.
A agenda é grande, outros temas fizeram parte do dia tratando de assuntos específicos sobre gestão, escalabilidade, compliance, rh, alguns pitchs de startups e criatividade. Esse último, inclusive, vem ilustrado com uma foto do Brian Collins, co-fundador e diretor criativo da Collins, ensinando como resolver problemas.
Proporcionando um ambiente de discussões e visões instigantes de futuro, capazes de gerar reflexões e impulsionar transformações, essa mesma atmosfera de entusiasmo e expectativa também revela uma lacuna entre as narrativas sedutoras e os desafios reais que enfrentamos. Cabe a nós, como agentes de transformação, se aprofundar e impulsionar os próximos passos dessa evolução.